By Tarter
Fala pessoal, tudo bem? Fico muito feliz quando sou convidado por um portal a falar sobre o assunto que mais domino, o uso de software para discotecagem. No meu ponto de vista e no meu gosto, consigo criar
situações muito mais complexas usando mais decks e tecnologias em meu set, talvez por isso algumas das minhas maiores referências usam este formato, que pouco se falava com essa nomenclatura aqui no Brasil: o híbrido.
Em quase 10 anos de pesquisas e aprimoramento da minha identidade musical e, em seguida, na minha profissão como DJ, comecei a perceber que meu gosto era mais voltado aos artistas que criavam algumas coisas na hora (não necessariamente somente um live), percebi que minhas
maiores referências como Richie Hawtin e Dubfire criavam seus sets com tracks de outros produtores, mas com um toque “a mais”.
Fui pesquisando mais a fundo para entender como essas atmosferas eram criadas e comecei a perceber que o uso de quatro decks fazia diferença, foi primeira percepção que tive no começo, onde uma, duas, ou até três tracks loopadas somavam a mais uma track que estava tocando, criando um som particular para o momento e complementando algumas lacunas que a track sozinha em si deixava no set.
Após entender esse processo, percebi que havia algo além disso tudo, o disparo de baterias e melodias além das músicas em si no software criavam uma sensação de algo novo, tensões com baterias, somando isso a criação do set com melodias, pads, vocais, etc. Então fui a fundo e percebi que além do software de discotecagem, muitos artistas que eu me espelhava usavam outro software no mesmo momento, o Ableton, usado para produção musical. O uso de duas tecnologias ou mais para algum processo em qualquer meio se chama híbrido (como, por exemplo, carros que tem dois motores, a combustão e elétrico).
Então chegamos ao pioneiro disso tudo, Jeff Mills, que foi o primeiro artista a usar esse tipo de discotecagem, usando uma Roland 909 junto com seus toca-discos e, posteriormente, CDJs, criando na hora baterias e sequências que somavam em eu set. Com essa escola Richie Hawtin inovou, substituindo toca-discos, CDJs e baterias eletrônicas por laptop, softwares e controladoras MIDI.
A partir disso fui moldando meu estilo musical, minha técnica, minhas produções, e em 2014 comecei a tocar em formato híbrido usando um XONE 92, mais dois Traktor X1 e a Ableton Push — mas era bem cru, eu usava poucas sequências de bateria e de melodias das minhas produções. Apenas depois da criação do meu live act, que ficou pronto em fevereiro de 2018, consegui agregar bem o uso nesse formato; foi quando mudei o mixer para o MODEL1, onde tenho seis canais: quatro para o Traktor, dois para o Ableton, e mais os 2 de returns onde uso os efeitos externos.
Mudei também as controladoras, onde uso duas XONE K2 que possuem mais knobs e faders, onde dentro do Ableton Live, consigo usar 8 faders separados para os canais de baterias, loops de tracks que criei e melodias, além de dois hacks de efeitos que criei com parâmetros bem particulares. Linkado com o Ableton, uso o Traktor, disparando as tracks prontas de outros produtores, unindo um DJ set com live.
A particularidade do MODEL1 ajuda muito na criação desse hybrid set, pois seus EQs de frequência, drive de boost, filtros, sends e returns ajudam a esculpir um set com muitos elementos diferenciados ao mesmo tempo, podemos falar que muitas vezes temos 10 ou 12 canais tocando juntos, cada um com um elemento que somará no som final.
Sou muito feliz em poder compartilhar essa informação que estudei tanto tempo e que tantos artistas legais usam, algo que quase não falado; por isso ministro workshops falando sobre esse formato, além de cursos presenciais e a distância para consultoria, montagem e setups dessa forma.
A música conecta.