O DJ e produtor catarinense tarter tem se mantido em movimento durante os tempos serenos de crise na indústria da música eletrônica. Como seu poder sonoro não pode ser sentido nas pistas, ele encontrou uma solução para manter sua identidade pesada em dia e ainda por cima de uma forma que consegue dar suporte aos produtores da cena nacional.
Através do TWNP (tarter with national producers), ele iniciou uma série de lives convidando produtores a enviarem suas faixas para que ele faça um set especial repleto de músicas de artistas novos e também já estabelecidos. O primeiro episódio foi ao ar na semana passada e você pode conferir abaixo.
Outra iniciativa é o T-TALK LIVE, que consiste em um bate papo abordando temas que se identificam com o convidado da vez. A série será mensal. Abaixo nos falamos com ele para entender mais de cada uma das iniciativas.
Alataj: A ideia de construir sets com músicas de artistas nacionais é bem interessante e super importante para a cena. Você sentiu que o momento pedia algo disso?
Tarter: Era algo que eu já vinha projetando há um tempo, antes mesmo da pandemia. Sempre quis de alguma forma ajudar o produtor nacional a ter mais visibilidade, só que tocando o som nas pistas muitas vezes não tínhamos registro e nem a visibilidade necessária que determinada música merecia.
No isolamento, estruturei este projeto de uma forma que, além do vídeo disponibilizado no Facebook e Youtube como live stream, posto em tempo real a faixa que estou tocando no Twitter. Foi o que me fez ganhar visibilidade através do suporte do Richie Hawtin.
O período sem gigs possibilitou a estruturação do projeto por completo e também ajuda a dar a visibilidade necessária para impulsioná-lo neste começo, já que não temos eventos presenciais que poderiam ofuscar os views da live.
Alataj: Como você faz a seleção das faixas recebidas? Todos os que mandarem suas faixas terão elas tocadas em algum momento do seu set?
Tarter: Eu recebi em torno e 70 músicas para o primeiro episódio e selecionei as faixas conforme podiam se encaixar para o primeiro set de uma hora. Se as faixas estiverem de acordo com os principais parâmetros que necessito serão tocadas sim, é só mandar. Tracks finalizadas, com mix e masters relativamente boas, em algum episódio terão seu espaço com certeza.
Alataj: Você tem descoberto novos produtores com talento com essa iniciativa? É possível apontar alguns destaques já neste início?
Tarter: Tenho sim, é impressionante a qualidade de novos produtores que estão surgindo. Neste início me chamou bastante atenção os materiais recebidos de hngT, que é aqui de Santa Catarina, e também do João Rech, do Rio Grande do Sul.
Alataj: E sobre o T-TALK LIVE? Qual é o foco das conversas e como os convidados serão selecionados por você?
Tarter: Na primeira temporada pretendo fazer seis episódios até fim do ano. Estou abordando os principais temas que surgiram como dúvidas no meu Instagram nos últimos meses, que envolvem tanto produção musical, dificuldades no início de carreira, como questões relacionadas a agência, lançamentos e mercado em geral. A curadoria será baseada em quem eu acho que se identifica com o assunto que iremos abordar e desenrolar. Posso afirmar que já tenho planos para quatro temporadas, ou seja, tem pelo menos 24 convidados na lista.
Alataj: O primeiro episódio foi com o Ricardo Hingst, um jovem talento que está lançando seu novo projeto hngT. Você inclusive comentou dele acima… é uma das suas apostas para os próximos anos?
Tarter: O Ricardo é meu primeiro aluno de mentoria, um serviço que estou oferecendo para desenvolver os artistas de forma completa. Estamos trabalhando juntos há nove meses e nesse período percebi uma evolução nítida nele como artista, acima do esperado. Já o vejo bem preparado para o mercado, com ótimas produções e técnicas de discotecagem. Com certeza iremos ouvir muito o nome dele nos próximos anos e eu irei ajudar no que for preciso para isso.
Alataj: Por fim, alguma outra novidade para compartilhar com a gente além dessas? Obrigado!
Tarter: Para as próximas semanas estou lançamento oficialmente o pacote de produtos e serviços para quem deseja ir a fundo no aprendizado como artista, além da mentoria de 12 meses que engloba tudo que já estudei, projetei e fiz para me consolidar no meio artístico. Irei disponibilizar consultorias separadas para quem quiser focar em um tema específico, como por exemplo consultoria em setup, lançamentos em gravadoras, produção de eventos, idealização de gravadoras… Também já venho oferecendo há algum tempo aulas de discotecagem (presencial) e produção musical (online ou presencial). Além disso, estou finalizando a estruturação de um podcast mensal onde eu e Nicole iremos abordar temas do meio eletrônico com nossas visões de diferentes ângulos, abordando temas que são de interesse tanto dos artistas quanto do público. No mais, espero que todos os conteúdos ajudem os artistas do mercado e torço para que tudo volte ao normal logo para nos encontramos nas pistas.
A música conecta.